Evento: PINY - dança

Somos parte da anulação do tempo pela sua própria sobreposição. Pela sobreposição de prazer e dor. Pelo esforço e abandono. Diluímos os corpos sem tempo nem geografia. Amplificamos de forma inaudível o tambor primordial. Atravessamos o erotismo e a luta de corpos irmãs. Gritamos nas vozes e corpos suprimidos. É um tempo tão antigo que ainda não o encontrámos à frente.

Fala de um ponto, um sítio, um enigma e uma presença concreta, sentida. Fala de prazer. Fala também de culto, liturgia, ritual. De cerimónia, formalidade e protocolo. De norma, padrão e prática. E na soma das partes fala de voz solta, de expressão forte, de potência e protesto, de libertar. Soltamos o corpo em marcha no prazer não silenciado e na liberdade que ainda é luta. Há um ritmo em todas as mudanças e o que vibra é o que sentimos em sabor e o que antecede o entendimento. A voz é uma só, mas ninguém sabe mais disso, foi esquecido. Sai num chamado sem fim, vai chegando sem chegar, desde um tempo que ainda está para ser. Não esperamos pelo que sempre esteve aqui.

O ciclo é esse, nascimento, morte e tudo o que fica pelo meio. Não é um tempo simples.