Evento: Manuel Baptista - Natureza Paralela (Obras 1962-2022)

Esta exposição, que se desenvolve nos espaços do Museu de Faro e da Galeria Trem, percorre sete décadas de intensa criação artística deste artista natural de Faro e recentemente falecido (1934-2023).

Matéria, forma e volume, cor, luz e sombra, são elementos simultâneos e essenciais na investigação desenvolvida por Manuel Baptista; assim como o equilíbrio entre desenho, escultura e pintura, entre soluções geométricas e orgânicas, entre abstração e representação do mundo exterior.

Procurando o sentido múltiplo das suas linhas de trabalho e sensibilidade encontrámos o título desta exposição, “Natureza Paralela”, num poema de Fiama Hasse Pais Brandão.

A paisagem oculta-se em muitas das imagens que nos aguardam, marcada numa linha de horizonte ou em ilusão de profundidade, referida na textura e sensualidade orgânica de certas das matérias e também nos cromatismos que usa.

Algumas das obras mais antigas, uma longa série de aguarelas do seu Algarve natal, oferecem-nos uma sucessão de falésias sobre a praia e sobre a água ou tufos florais e de vegetação. As imagens vão-se tornando mais abstractas mas nunca perdem as referências que as identificam e que se vão revelando em desenhos, em projectos escultóricos ou pinturas das décadas seguintes.

O seu interesse pelo real manifesta-se também na atenção que dá a imagens, objectos e materiais banais do quotidiano contemporâneo, como seja o tema das “camisas com gravata”, da “mesa posta”, do “envelope” ou do “novelo” e o uso de plexilass, corda, tubos de néon ou réguas de metal para construir essas peças.

A par desta linha de trabalho e sensibilidade Manuel Baptista desenvolve uma investigação abstracta explorando volumes ou formas geométricas (o círculo e o semi-círculo, o triângulo e o pentágono ou a esfera, o cilindro ou o cone em telas recortadas recobertas por cores únicas ou em objectos escultóricos). Mas estas soluções nunca são puras, associam-se a superfícies irregulares ou fragmentadas, que criam jogos de luz e dão liberdade aos gestos de desenho ou à acumulação de recortes.